domingo, 2 de maio de 2010

Ela ama

Já é noite. Ela simplesmente não consegue por fim a isso.
A princípio pensou que fosse como um resfriado depois de um dia mais frio - uns espirros aqui, umas tossidas ali e nada que uma boa noite de sono não resolvesse - ou um corte na camada superficial da pele - a região fica dolorida por uns dias e você nem percebe quando cicatrizou -. Não era. Passou-se a 1ª semana, ja eram 2 semanas... 1 mês e ainda sentia os efeitos daquela coisa.
E quase 2 meses ela ainda pode sentir. Cheira, ouve, grita.
Tudo vem, tudo passa, tudo fica e a maldita da resolução não aparece, não se concretiza.
Ela espera o pássaro cantar e ouve. Ela sente o cheiro do bolo e come. Ela esculta o gracejo da água e bebe. Mas e aquilo, exatamente aquilo...?
Ela não vê. Não ouve. Não grita. É preciso que se cale, que se concentre, que deseje veemente. Mas não chega. Não é assaz.
Maldita dor que não cessa.
Talvez se ela fosse deveras diligente pudesse esquecer tudo ou apenas tentar desativar seu sistema límbico. Mas a desvairada parece que não quer, julga ser seguro.
Ânsia.
Vai saber.
Ela sabe.
Ela ama.

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